Em alusão ao Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) levou à tribuna da Câmara Municipal de Cuiabá, nesta terça-feira (5), a defensora pública do Estado de Mato Grosso, Dra. Rosana Leite, para um diálogo franco e urgente sobre o papel do poder público e da sociedade no enfrentamento à violência de gênero.
Durante a sessão, foi relembrado o caso recente de Juliana Soares, 35 anos, brutalmente agredida pelo ex-namorado, Igor Eduardo Cabral, 29 anos, dentro do elevador de um prédio residencial. O vídeo, que mostra Juliana recebendo 61 socos no rosto e na cabeça, causou comoção nacional e reforça a gravidade da violência cotidiana enfrentada por tantas mulheres.
Convidada pela vereadora, a defensora pública Dra. Rosana Leite agradeceu o espaço e fez um apelo contundente em favor da escuta ativa e da credibilidade à palavra das vítimas.
“Parabenizo a vereadora Maysa Leão por fomentar esse debate tão necessário. A violência contra a mulher precisa ser falada e discutida em todos os espaços. O maior desafio da nossa sociedade hoje é credibilizar a palavra das mulheres. Por muitos anos fomos silenciadas, desacreditadas. Ainda hoje, quando uma mulher denuncia, há quem questione seu comportamento, e isso precisa acabar”, afirmou.
A defensora também relembrou casos emblemáticos amplamente divulgados pela mídia, como o da cantora Pamella Holanda, agredida pelo ex-marido DJ Ivis, e os feminicídios de Thays Machado e Emilly Bispo da Cruz, ambos ocorridos em Cuiabá, em 2023.
“Quando uma mulher diz que está sendo vítima de violência, precisamos acreditar. Não é necessário um vídeo para comprovar algo que as estatísticas já escancaram. O poder público precisa acolher essas mulheres, especialmente as mais vulneráveis, que não têm advogado particular nem plano de saúde, e dependem exclusivamente do sistema público para sobreviver”, completou.
A vereadora Maysa Leão destacou a importância de ações permanentes e do envolvimento da sociedade no combate à violência de gênero, indo além das datas simbólicas como o Agosto Lilás.
“Mato Grosso figura mais uma vez entre os estados mais violentos do país para mulheres. Não podemos aceitar que esse debate fique restrito às instâncias judiciais. Essa é uma pauta de todos: do cidadão, das instituições e do poder público municipal. O que estamos fazendo para impedir o avanço da violência doméstica e dos feminicídios? No âmbito municipal, ainda há muito por fazer”, ressaltou.
A parlamentar também criticou a falta de engajamento de gestores públicos homens no debate sobre o tema e enfatizou que a maior parte das políticas de proteção às mulheres é debatida e estruturada por mulheres.
“Falei para a doutora Rosana quando ela chegou: eu espero que esse agosto seja agosto, setembro, outubro, novembro… 12 meses do ano. Não podemos deixar essa luta limitada ao calendário. Precisamos envolver toda a sociedade, bater à porta, estender a mão, denunciar. Cada omissão nossa reforça a impunidade do agressor”, concluiu.
Denuncie
Em Mato Grosso, durante a campanha Agosto Lilás, o número para denúncias de violência contra a mulher é o 180 – Central de Atendimento à Mulher. Em situações de emergência, a Polícia Militar pode ser acionada pelo 190. As denúncias são gratuitas, anônimas e podem salvar vidas.